Nº 94/95 - Ano VIII - Outubro/Novembro de 2003
Mais
um ano termina, gente chegando, uns viajando, outros voltando, ainda outros
partindo de vez... Por aí vemos que o movimento do tango se destaca mesmo é
por sua brava resistência.
Movimento?
- Claro que sim! Realização de
eventos como o Tango na Rua, o Baile Anual São Paulo-Rio, a participação em
festivais e até em palco teatral... e outros que não nos ocorrem no momento
– como não?
Resistência,
sim!
Mesmo com a instabilidade de freqüência, dificuldades de fixação nos
locais, surgem novas milongas, as
antigas se mantêm e permanecem na Agenda deste Boletim.
O Boletim Rio Tango, prestes a completar nove anos de publicação ininterrupta, agradece aos responsáveis pelas milongas e eventos, aos anunciantes e amigos que apóiam este modesto informativo. Oxalá possamos continuar no mesmo ritmo para o próximo ano... Feliz 2004!!!
(RM & ADR)
Cantemos |
(tango) Letra:
Osmar Maderna
Musica:
Miguel Caló |
Dejame
mentir que volveras, que volveras con el ayer, con el ayer de nuestro
sueño Dejame
esperarte nada mas, ya que comprendo que esperar es un pedazo de
recuerdo Se
que este dolor es el dolor de comprender, que no puede ser esa
esperanza que me ahoga Dejame
llorar siempre llorar y recordarte y esperar a comprender que no
vendras Que
te importa que te llore, que te importa que me mienta Si
han quedado rotos mis castillos del ayer dejame hacer un Dios con sus
pedazos Que
te importa lo que sufro que te importa lo que lloro Si
no puede ser aquel ayer de la ilusion dejame así llorando nuestro
amor. Mucho
te espere sin comprender, sin comprender porque razon te has alejado y
no volviste Mucho
te espere fatal dolor de consumir la soledad en el calor de lo que
fuiste Debes indicarme que camino continuar ya que es imposible que se junten nuestras vidas, Dejame
llorar, siempre llorar no ves que ya ni se hablar ni que mentir ni que
esperar |
Assim se tece a história |
Bandoneonista,
compositor e maestro (n. 28/10/1907 m. 24/05/1972)
Na
história artística de Miguel Caló distinguimos duas etapas bem
diferenciadas, que revelam sua evolução musical e seus dotes de excepcional
maestro.
A primeira etapa inicia-se com a orquestra de 1934, na qual verificamos
um estilo similar ao de Fresedo e um som que lembra Di Sarli.
Apesar de que antes tenha formado outros conjuntos, foram de pouca
transcendência.
Na orquestra de 1934, o pianista era Miguel Nijensohn, que imprimiu
para sempre seu estilo, até depois dos anos quarenta.
O piano fazia a ligação entre as frases musicais, com cadência e
ritmo ideal para os dançarinos.
Durante este
período,
que durou até o ano de 1939,
destacamos a participação dos
cantores Carlos Dante, Alberto Morel e seu irmão Roberto Caló.
Os
anos quarenta nos revela a maturidade deste grande maestro, capaz de convocar
um grupo de músicos jovens, de extraordinária capacidade e talento, que
depois iriam formar, todos eles, seus próprios conjuntos.
Nesta segunda etapa, Caló desenvolve e aprofunda um estilo que une o
tango tradicional com a renovação daquela época, sem estridências, com
destacada presença de violinos, uma linha rítmica de bandoneones e um piano.
Entre os músicos que atuaram em sua orquestra destacaram-se: Domingo
Federico, Armando Pontier, Eduardo Rovira, Julián Plaza, José Cambareri e
Enrique Francini, entre outros.
Caló não apenas promoveu grandes músicos, mas também excelentes
cantores que debutaram profissionalmente em sua orquestra, como Raúl Berón,
Alberto Podestá e Raúl Iriarte.
Miguel
Caló foi um músico de formação teórica, estudou violino e bandoneón.
A partir de 1926 pregrinou por diversas orquestras importantes, como a
de Osvaldo Fresedo e Francisco Pracánico.
Formou sua primeira orquestra em 1929, desfez a mesma para viajar pela
Europa com o maestro Cátulo Castillo e o cantor Roberto Maida.
Volta a Buenos Aires e por pouco tempo retoma suas atividades, pois em
1931 viaja novamente aos Estados Unidos com a orquestra de Osvaldo Fresedo.
Não
foi compositor de destaque, mas algumas obras suas são belíssimas, como os
tangos:
"Jamás retornarás" e "Qué te importa que te
llore", ambos gravados na voz de Raúl Berón.
O tango "Dos fracasos" e a milonga "Cobrate y dame el
vuelto" também foram muito populares. Em 1961, junto aos bandoneonistas
Armando Pontier e Domingo Federico, os violinistas Enrique Francini e Hugo
Baralis, o piano Orlando Trípodi, e os cantores Raúl Berón, Alberto Podestá,
Caló retomou parte da formação dos anos quarenta, chamando-se "Miguel
Caló e sua orquestra das estrelas".
A
orquestra de Miguel Caló será lembrada pelo melhor tango, aquele que
atravessa os tempos.
Fonte:
Todo Tango – por Ricardo García Blaya – trad. RM