No 153 - Ano XII - Outubro de 2008


"Tango Club 2" - por Liliana Rago (ARG)

Desde sempre, os críticos do Tango e da sua forma de dançar procuraram no abraço outras razões para além da dança. Entretanto, quem dança, e prin-cipalmente quem se inicia e pretende aperfeiçoar-se, tem muito em que pensar, especialmente os homens, que sentem as dificuldades em executar simultanea-mente diversas tarefas: a condução, os passos, o sentido da caminhada, a escolha da figura a propor para cada compasso da música, necessitando assim de bastante tempo até conseguirem usufruir do prazer do baile.  O abraço ou o contato dos corpos é segu-ramente a última coisa em que se pensa.

Certamente não se pode negar a presença das emoções que esse abraço propicia, que são os aspectos colaterais de uma dança na qual um homem e uma mulher se abraçam e que, naturalmente, pode proporcionar o nascimento de amizades e cumplicidades. Quando, no final da tanda, o homem e a mulher se cumprimentam mutuamente, estão na realidade expressando o prazer que tiveram, num espírito claro de igualdade perante o TANGO.

Artigo publicado na revista B.A.Gotan VOL.1 Nº.3 – 1965 (Trad. RM)

 

 

Cantemos

(Tango)

Letra: Reinaldo Yiso                                                                                       Música: Roberto Caló  e Roberto Rufino

Canta:  Hugo Duval, com a orquestra de Rodolfo Biagi

 

Yo sé que es imposible quererte y adorarte,

que es un pecado amarte y darte el corazón.

Pero no importa, ¡vida!, soñemos esta noche

aunque después lloremos mañana al despertar.

 Soñemos, que los dos estamos libres.

Soñemos, en la gloria de este amor.

Soñemos, que ya nada nos separa

y que somos cual dos almas que nacieron para amar.

 Soñemos, que me quieres y te quiero.

No importa que mañana, al despertar,

tus besos se despidan de mis besos

y así nuestro embeleso morirá con nuestro amor.

 

 

Assim se tece a história

 

Pianista, maestro, compositor, cantor e ator, nasceu na cidade de Buenos Aires em 26 de abril de 1913.  Seus irmãos, sem exceção, foram músicos, destacando-se entre eles Miguel, que tornou-se figura importante do tango.  Desde pequeno estudou piano e canto, debutando como "chansonier" na orquestra de seu irmão Juan, na Radio La Nación.  Começou como cantor solista em 1933, em diversas rádios populares, chegando à LR3 Radio Belgrano, a de maior prestígio da época.  Em 1938, passou a cantar com a orquestra de seu irmão Miguel.  Em 1942, formou um conjunto para viajar aosEstados Unidos e outros países da  América Latina.  Na volta, em 1945, abandonou definitivamente o canto para tornar-se maestro, debutando na LR4 Radio Splendid. 

Em 1946, passou à Radio Belgrano, atuando com vários cantores consagrados saídos de outras orquestras.  Logo após, viaja pelo interior da Argentina e pelo Uruguai, com um novo cantor.  Em Buenos Aires, atuou no Dancing Empire da Calle Corrientes.  Em 1951, chegou pela primeira vez ao disco, através do selo Orfeo que, dois anos depois, convidou a cantora Azucena Maizani a gravar com a orquestra de Roberto Caló.  Em 1956, incorporou-se à orquestra o cantor Roberto Rufino e imediatamente a RCA Victor os contratou para gravar.  O sucesso com esse disco abriu as portas da Radio El Mundo e dos mais importantes cabarés da época: "El Marabú" e "Chantecler". 

O final da década de 50 marcou o início dos tempos difíceis para o tango, com a nova onda do Rock invadindo rádios e estudios de gravação.   Então Roberto decidiu dissolver a orquestra, com seus músicos e cantor passando para a orquestra de seu irmão Miguel.  Começou a dedicar-se à produção de espetáculos.  Participou com ator em alguns filmes.  Por último, como compositor, Roberto Caló nos deixou os tangosSoñemos, Después te perdí, Te vi llegar, No culpes al amor e os instrumentais Colores, En fa menor e Flauteando.  Veio a falecer em 26 de abril de 1985.

Fonte:  Abel Palermo, para Todo Tango – Trad. RM

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