No 130 - Ano X - Outubro de 2006


Existem noites tangueiras que são pre-sentes, difíceis de serem esquecidas.  

Ficam numa memória dinâmica que pre-tende se repetir, - embora as circunstâncias - que nos leva a não sermos mais nós mesmos.

Daí a necessidade de retomar a intenção de criar noites mágicas, povoadas de amigos e abertas aos novos personagens que circulam invariavelmente pelas milongas.

Foi assim que Juan Tavera escreveu: - "vamos, todavía, que en la vida quiero un poco de la alegria de la milonga para ser feliz".

ADR

 

Cantemos

Música: Carlos Di Sarli                                                                                  Letra: Héctor Marcó

Besándome en la boca me dijiste,

sólo la muerte podrá dejarnos.

Y fue tan hondo el beso que me diste,

que a tu cariño me encadenó.

Qué culpa tengo si hoy otros amores,

me arrancan de tus labios, los traidores.

¿Qué culpa tengo yo de amarte tanto

si fue tu boca quien me encendió?

 

En un beso la vida,

y en tus brazos la muerte

me sentenció el destino,

y sin embargo prefiero verte.

En un beso la vida,

te entregué y lo has mentido

y si ayer me hirió tu olvido,

hoy me matará tu amor.

 

 

Assim se tece a história

 

Intérprete, ator, compositor e maestro.  O bairro de Boedo fez Héctor Marcolongo "porteño y bailarín" (como o título de uma de suas criações), quando a Calle Carlos Calvo ainda se chamava Europa. E como "porteño y bailarín" que era, nascido a 13 de dezembro de 1906, não poderia tornar-se menos que um tangueiro. A tal ponto que já desde pequeno era o inevitável cantor da escola; e de tal forma que mesmo nos últimos tempos continuaria descobrindo os segredos abrigados em sua Buenos Aires natal.

Na adolescência, integrou vários grupos de dança nas festas e começou a desenvolver sua faceta de compositor com ritmos populares como gatos e zambas, que cantava em festas familiares.  Antes de completar vinte anos, o dueto argentino Ruiz-Acuña gravou o vals Dolor e a música Riojanita, de sua autoria.  Quando terminou o serviço militar, decidiu dedicar-se inteiramente ao ambiente artístico, debutando na Rádio Flores e participando em diversas emissoras.  Quase simultaneamente começou a trabalhar como ator nas rádios e no teatro. 

Nos últimos tempos de Gardel, Marcó havia escrito um tango chamado Conscripción, que El Zorzal prometeu estudar, mas que por questões de tempo, nunca pôde gravar.  Segundo o próprio Marcó dizia: "Teria feito um clássico com esta peça".  Também teve sua própria orquestra com aquela que se apresentava no bar "El Ancla", no bairro Vicente López, mas devido ao seu temperamente, não quis continuar com o grupo.  Logo dedicou-se a escrever, produzindo uma grande quantidade de tangos.  Eis alguns de seu vasto repertório:  Bien Frappé, Corazón, En un beso la vida, Porteño, Cuatro vidas, La capilla blanca, Porteño y bailarín, Nido gaucho, Te quiero, Whisky e muitos mais.

Fonte:  Portal del Tango e Todo Tango (trad. RM)

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