No 118 - Ano IX - Outubro de 2005


"Alas de Tango" por Chilo Tulissi

 

 

Vejamos que o incondicional significa participar do infinito.

 

Tango eterno que pertence ao amanhã do ser.

 

Tango que perdura como Recuerdo, com equilíbrio inteiro, de sucessão rítmica mantida ao modo de arabescos que sobem sem quaisquer condições e, surpreendentemente, caem frescos e mágicos.

 

Tango que brota da absoluta fidelidade e não reside num estado momentâneo nem no caráter inato, já que pode a si mesmo transformar e se regenerar.

 

Tango que não pode se demonstrar, nem se mostrar, como algo existente para um aqui e agora, já que as provas históricas se limitam aos seus sinais. Aquilo que sabemos é sempre algo condicional – neste caso, foge-se às regras, para mergulharmos num espaço íntimo sem fronteiras.

 

Existe, sim, na resolução da existência, aquela que foi além da reflexão...

(A.D.R.)

 

Cantemos

(tango - 1945)

Letra:  Homero Manzi                                                                                                                                               Musica:  José Dames

Fui como una lluvia de cenizas y fatigas en las horas resignadas de tu vida...

Gota de vinagre derramada, fatalmente derramada, sobre todas tus heridas.

Fuiste por mi culpa golondrina entre la nieve, rosa marchitada por la nube que no llueve.

Fuimos la esperanza que no llega, que no alcanza que no puede vislumbrar la tarde mansa.

Fuimos el viajero que no implora, que no reza, que no llora, que se echó a morir.

 

¡Vete...!   ¿No comprendes que te estás matando?

¿No comprendes que te estoy llamando?

¡Vete...!  No me beses que te estoy llorando

¡Y quisiera no llorarte más!

¿No ves?, es mejor que mi dolor quede tirado con tu amor

librado de mi amor final

¡Vete!,  ¿No comprendes que te estoy salvando?

¿No comprendes que te estás matando?

¡No me sigas, ni me llames, ni me beses

ni me llores, ni me quieras más!

 

Fuimos abrazados a la angustia de un presagio por la noche de un camino sin salidas,

pálidos despojos de un naufragio sacudidos por las olas del amor y de la vida.

Fuimos empujados en un viento desolado... sombras de una sombra que tornaba del pasado.

Fuimos la esperanza que no llega, que no alcanza, que no puede vislumbrar su tarde mansa.

Fuimos el viajero que no implora, que no reza, que no llora, que se echó a morir.

 

Assim se tece a história

Bandoneonista e compositor, nasceu em Rosário, Argentina, em 28 de outubro de 1907.  Desde pequeno sentiu atração pela música, e apesar de ter vindo de um lar humilde, seus pais lhe proporcionaram bom estudo musical, começando pelo violino. 

 

Pertenceu - embora tenha se iniciado como músico bem antes -  à famosa "Geração de '40".  Seu bandoneón e sua inspiração começaram a imprimir sucessos inegáveis a partir de 1941 e seu trabalho criativo ficou estreitamente associado aos

 grandes letristas da época:  Manzi, Contursi, Cadícamo, Cátulo Castillo, entre outros.

 

"Nunca me sentei com o bandoneón nos joelhos, para escrever um tango.  Meu processo de criação tinha outras características.  As melodias me chegavam na rua, no bonde, em qualquer parte.  Sempre tive a precaução de anotar o tema que me surgia assim, espontaneamente.  Depois, sim, o desenvolvia musicalmente."

 

Entre sua imensa composição, destacam-se aquelas em parceria com Horacio Sanguinetti: Los despojos, Tristeza marina, Por unos ojos negros, Milagroso e Nada.  Com José M. Contursi fez , Fulgor, Brindemos en silencio, Mientras vuelve el amor e com versos de Homero Manzi,Fuimos.  Nessa mesma leva saem No me importa su amor, Sin ti, Tan lejos, Horizonte azul, Detrás del turbio cristal, No era el amor, Otra vez arlequín, Canción del ángel, La vida que te di, La luna cae en San Telmo e Simplemente Laura.  Entre suas peças instrumentais estão:  El buscapié, Muy picante, De muy adentro, A bailarlo, Alma y violín, El cometa, e as milongas La coqueta, Sencilla y briosa, La luciérnaga, La juguetona, Chispeando, Vayan abriendo cancha e Repiqueteo de taquitos 

 

Faleceu a 7 de agosto de 1994.

Fonte:  Estos fueyes también tienen su historia, de Gaspar Astarita, Ed. La Campana, Buenos Aires, 1987.