No 178 - Ano XIV - Novembro de 2010


É à margem da sociedade que o tango inicia seu caminho para conquistar públicos amplos, sendo que o primeiro tango que chegou ao Oriente (Japão) em 1906 foi "La Morocha" de Saborido e Villoldo com estrondoso sucesso, e um ano depois, em Paris. Prosseguindo o seu percurso histórico-cultural, em 1917, avança para o tango canção "Lita", conhecido com o nome de "Mi Noche Triste", dos maestros Castriota e Contursi, penetrando assim nas diferentes classes sociais.

O tango foi e será a oração dos portenhos, criado para falar de si e das suas coisas de forma despojada e criar sua própria história geográfica. Triunfando na Europa, instalou-se nas grandes casas e o primitivo trio acrescentou o piano e o bandoneón - "o instrumento infaltável do tango", aparecendo assim as primeiras orquestras típicas e a voz de quem "cada dia canta melhor" - Carlos Gardel - o mito.

(A.D.R.)

 

Cantemos

(Tango - 1942)

Letra: Oscar Rubens                                                                                                   Música: Alberto Suárez Villanueva

 Con la mueca del pesar; viejo, triste y sin valor...

 Lento el paso al caminar... Voy cargando mi dolor.

 Lejos de la gran ciudad que me ha visto florecer,

 en las calles más extrañas siento el alma oscurecer.

 Nadie observa mi final, ni le importa mi dolor...

 Nadie quiere mi amistad, ¡sólo estoy con mi amargor!

 Y así vago sin cesar desde el día que llegué

 cuando en pos de un sueño loco todo, todo abandoné...

 Y andando sin destino de pronto reaccioné

al escuchar de un disco el tango aquel:

"Mozo traiga otra copa" -que lo cantaba Carlos Gardel.

Y al escucharlo recordé todo el pasado,

los años mozos tan felices que pasé...

Mi viejecita, la barra amiga...  la noviecita que abandoné...

¡Tango que trae recuerdos!

¡Mi Buenos Aires... quiero llorar!

 

Orquesta Miguel Caló - canta Raúl Berón

 

Assim se tece a história

 

 

Pianista, maestro e compositor argentino, nasceu em Rosario, Província de Santa Fe em 4 de fevereiro de 1913.  Ainda pequeno foi estudar piano no conservatório, onde se formou tanto no instrumento como em harmonia e composição. 

Em meados da década de 30, transfere-se para Buenos Aires, onde instalou-se na histórica "Pensión de la alegría", na calle Salta 200, onde viviam músicos, cantores, compositores que atuaram fortemente no desenvolvimento do tango na década de 40.  Ainda recente em BuenosAires, inicia importante amizade com Enrique Cadícamo, que o apresenta a Juan Carlos Cobián, que lhe ensina alguns de seus segredos no piano, para a execução do tango.  No início dos anos 40, nasce uma grande amizade e parceria com Oscar Rubens. Assim nasceu Lejos de Buenos Aires, uma obra maravilhosa, tanto poética quanto musicalmente, tango imediatamente gravado por Miguel Caló com Raúl Berón no selo Odeon em 1942.  Outro grande sucesso foi Al compás de un tango, gravado por Alberto Castillo com Ricardo Tanturi.

Nos anos seguintes, seus temas fizeram parte dos repertórios e discografias das maiores orquestras: Es en vano llorar; Lloran las campanas; Tu melodía; Mientras duerme la ciudad e Mar.  Outros temas seus são os tangos:  Nadie, La huella e Mi madre tierra. Há ainda um tema que o consagrou: La luz de un fósforo, com versos de Cadícamo, verdadeira jóia tangueira levada ao disco pelos mais importantes intérpretes.

Em 1946, o pianista converteu-se em maestro e armou sua própria orquestra.  Debutou no Café Marzotto, na calle Corrientes, permanecendo exclusivo do lugar por muitos anos, consagrando novos cantores.  Em 1950, partiu para Montevidéu, contratado pelo histórico café El Ateneo, ficando ali por dez anos.  Retornando a Buenos Aires nos inícios da década de 60, instalou na Av. Callao uma academia de formação musical.  Alberto Suárez Villanueva foi um notável músico do tango, que hierarquizou o gênero tanto por seu aporte interpretativo, no melódico e no rítmico, quanto por seu trabalho de compositor.  Falece em 12 de dezembro de 1980.

Fonte:  Abel Palermo para Todo Tango – trad. RM