No 131 - Ano X - Novembro de 2006


Alejandra Armenti e Daniel Juarez (ARG)

Quem não se lembra dos bailes de outrora, aonde os corações femininos se surpreendiam com taquicardias ou arritmias com a aproximação dos cavalheiros cruzando os salões em direção às damas?  Quem não se lembra dos cavalheiros que, ao convidarem uma dama  para dançar, ao retorná-la à sua mesa, estendiam o convite às suas amigas?  Quem não se lembra dos anfitriões que cumpriam o ritual que as normas sociais impõem de que é de bom tom dançar com cada uma de  suas convidadas?

Plagiando John Gray na peça Os Homens são de Marte e é pra lá Que Eu Vou,  se alguém conhece um lugar aonde os cavalheiros ainda se comportem como nos velhos tempos, avisem-me, porque é pra lá que eu vou. Como não vou dar conta do recado e não sou nada egoísta, vou levar todas as minhas amigas para desfrutarem de bons momentos dançantes.

Posso garantir que os organizadores de bailes economizarão dinheiro, tempo e aborrecimentos no empenho de divulgarem os eventos e não permitirem que a dança fique anêmica.  Os bailes, com certeza, ficarão repletos, pois atingirão o objetivo primordial, que é o prazer da  dança pelo prazer de, simplesmente, dançar.

E aí, vamos inovar? Quem sabe os nossos atuais gentis cavalheiros  se animem e surpreendam as damas nos próximos bailes, rodopiando pelos salões e esvaziando as cadeiras que têm melhor uso nos restaurantes, cinemas ou teatros. Vamos embelezar os salões e compartilhar de uma forma mais intensa de todos os momentos  que os nossos amigos organizadores de bailes com tanto carinho preparam para nós?

(S.O.)

 

 

Cantemos

                           Música:  Carlos Gardel                                                Letra:  Alfredo Le Pera / Mario Battistella

 Barrio plateado por la luna,

rumores de milonga es toda tu fortuna.

Hay un fuelle que rezonga en la cortada mistonga.

Mientras que una pebeta linda como una flor,

espera coqueta bajo la quieta luz de un farol.

 

Barrio... barrio...

que tenes el alma inquieta de un gorrion sentimental.

Penas... ruegos...

Es todo el barrio malevo melodia de arrabal.

 

Viejo... barrio...

perdona que al evocarte se me pianta un lagrimon.

Que al rodar en tu empedrao

es un beso prolongao que te da mi corazón.

 

Cuna de taitas y cantores, de broncas y entreveros de todos mis amores;

en tus muros con mi acero yo grabe nombres que quiero:

Rosa, La Milonguita era rubia Margot...

Y en la primer cita la paica Rita me dio su amor.

 

Assim se tece a história

Nasceu em Toulouse, França, em 11/12/1890.  Filho de pai desconhecido e Berta Gardes, foi batizado Charles Romuald Gardes.  Chegou à Argentina com sua mãe com pouco mais de 2 anos.  Passou sua infância no bairro Abasto, ganhando depois o apelido de "El Morocho del Abasto".  Sua vocação era o canto e, animado pelo repentista Betinotti, que o alcunhou de "El Zorzal Criollo", começou a cantar em bares e centros políticos do seu bairro. 

Em 1911, forma com José Razzano a dupla que marcará toda uma etapa de sua vida artística, debutando no famoso cabaré "Armenonville".  Depois de atuar no Teatro Nacional de Buenos Aires, começam a cantar em todos os teatros porte-

nhos, fazendo turnês nas principais cidades argentinas, como Rosario, Santa Fe e Córdoba, entoando canções populares.  Em 1915, cantam no Uruguai e no Brasil, onde Gardel conhece seu ídolo, o tenor italiano Enrico Caruso. 

O Tango finalmente entra em seu repertório em 1917, quando cantam “Mi noche triste", de Castriota e Contursi, no Teatro Empire de Buenos Aires. Neste mesmo ano, começam a gravar discos e Gardel protagoniza um filme mudo.  De 1917 a 1924 viajam ao Chile, interior de Argentina e Uruguai, e à Espanha.  Gravam pela primeira vez acompanhados pelas orquestras de Francisco Canaro e Osvaldo Fresedo. A partir de 1925, Gardel torna-se solista, dividindo-se em gravações entre Argentina e Espanha.  Em 1928, canta em Paris, com enorme sucesso.  Em 1929, retorna a Buenos Aires coberto de glórias, estendendo-se às duas margens do Rio da Prata.  Grava discos e filma alguns curtas-metragens sonoros.

Depois de uma breve passagem por Buenos Aires, realiza turnês pela Costa Azul, Londres, Paris, Viena, Berlim e Barcelona.  Para seus filmes, trabalhou com Alfredo Le Pera, compondo seus primeiros tangos juntos: Melodía de arrabal, Silencio, Me da pena confesarlo, e com outros parceiros:  Mi Buenos Aires querido, Volver, El día que me quieras, Mano a mano, Tomo y obligo, Cuesta abajo, etc.  Em 1933 voltam a Buenos Aires com seus violonistas: Barbieri, Riverol, Vivas e Pettorossi, trabalham em Montevidéu e no interior da Argentina e do Uruguai.  Esta seria a última vez que seu público o veria.

No dia seguinte parte para Barcelona e Paris, de onde viaja aos Estados Unidos, onde atua na NBC de Nova York e filma para a Paramount.  Em abril de 1934, Gardel decide empreender uma turnê por Porto Rico, Venezuela, Aruba, Curaçao, Colombia, Panamá, Cuba e México, mas o destino impediu que esta se completasse, pelo trágico acidente aéreo em Medellín, que tirou sua vida em 24/06/1935.

Fonte: Síntese de sua vida e trajetória, de Pablo Taboada, para Todotango.com – trad. RM