No 107 - Ano IX - Novembro de 2004


Anos 10

Anos 30

Quem não deseja ser feliz?  Quem não concede maior ou menor grau de primazia a algo que se chama felicidade, situando-a entre as conquistas a serem realizadas durante a vida?

E, já que é impossível dar uma definição objetiva para o termo, pode significar que se tem, entre otras cositas, saúde, amizade, liberdade, sucesso e habilidade para dançar o Tango...

Mais do que nunca, a felicidade parece estar se tornando um artigo de consumo e não é aconselhável deixar de conferir todas as ofertas, pois correríamos o risco de ver escapar o caminho mais curto para o paraíso ou, para nós, uma linda Milonga. (Cairo Meira) 

Bom Natal e sejamos muito felizes em 2005!

 Américo / Raquel 

Anos 20

Atualidade - Daniela e Claudia

 

Cantemos

 

(tango - 1933)

Música:  Eduardo Pereyra                                                                        Letra:  Enrique Cadícamo

 

Mamuasel Ivonne era una pebeta

que en el barrio posta de viejo Montmartre,

con su pinta brava de alegre griseta

animó la fiesta de Les Quatre Arts.

Era la papusa del barrio latino

que supo a los puntos del verso inspirar...

Pero fue que un día llego un argentino

y a la francesita la hizo suspirar.

 

Madame Ivonne,

la Cruz del Sur fue como el signo,

Madame Ivonne,

fue como el signo de tu suerte...

Alondra gris, tu dolor me conmueve,

tu pena es de nieve... Madame Ivonne...

 

Han pasado diez años que zarpó de Francia,

Mamuasel Ivonne hoy solo es Madam...

La que va a ver que todo quedó en la distancia

con ojos muy tristes bebe su champán.

Ya no es la papusa del Barrio Latino,

ya no es la mistonga florcita de lis,

ya nada le queda... Ni aquel argentino

que entre tango y mate la alzó de París

 

Assim se tece a história

Grande pianista, alinhado entre os criadores e intérpretes do “tango român-tico”.  Boêmio contumaz, nunca deu importância à sua situação nem à sua trajetória na música popular. 

Nascido em 13 de outubro de 1900, em Rosário, Argentina. Ali teve suas primeiras aulas de piano, complementando-as em Buenos Aires.  Ainda bem jovem incorporou-se à Companhia Roma-Marchesi como maestro da orquestra.  Muda-se para a capital onde integra conjuntos com bandoneones e violinos.  Logo depois, evita o serviço militar escapando para Montevidéu,  e ali permanece sem registro.  Já no Chile, é encontrado trabalhando como pianista. De Santiago, consegue o indulto à sua desobediência militar, voltando ao seu país em 1922, onde tocava no quarteto do bandoneonista Rafael Rossi.  No ano seguinte, ingressa na orquestra de Luis Petrucelli.  Vincula-se como assessor musical à gravadora Victor e grava alguns discos. Participa também dos primórdios do rádio. Em 1926, viaja para a Europa. Atua em Madri e logo após se apresenta em Barcelona junto a Bachicha e Mario Melfi.  Participa das gravações para a Victor do sexteto do violinista Ferrazzano e depois trabalha em um café do bairro Flores. A partir dali, Pereyra adoece gravemente, o que o obriga a afastar-se por um longo período em Córdoba. Em 1929 retoma seu trabalho de compositor.  Empreende uma turnê ao Brasil e reside brevemente em Montevidéu.  Em 1932, novamente em Buenos Aires, grava um disco para a gravadora Brunswick como solista de piano.  Afetado em sua saúde mental, não lembrava nada de seu passado.  Dividia as mesas de café com seus amigos, alheio a tudo que havia feito não apenas pelo tango, mas também pela música nativa. 

Esta importante figura do tango, excelente pianista e compositor, desaparece em Buenos Aires a 21 de fevereiro de 1973.  Deixou numerosas obras: El Africano, El farol de los gauchos, Y reías como loca, Madame Ivonne Gorriones, Pan, La uruguayita Lucía, Nunca es tarde, Viejo coche, La canción de los remeseros, Pasan las horas, Los cisnes.

(Fonte:  Loriente, Horacio: "Ochenta notas de Tango. Perfiles Biográficos", Ed. de La Plaza, Montevideo, 1998 - Trad.:  RM)