No 83 - Ano VII - Novembro de 2002


Ao primeiro som da orquestra, 

Irremediavelmente, buscava a primeira parede,

Para amainar o medo medonho de se desnudar no tablado,

Como um menino inocente atrás de um beijo roubado.

E, lá, ficava encostado – para olhar petrificado –

A dança complexa dos corpos flutuando num bailado, 

Rosto a rosto, face a face, acalanto ritmado

Que transforma um enlace numa promessa de pecado.

Ao primeiro som do tango, descolo-me da parede,

A fome, que tenho na alma, aguça, de vez, minha sede

De ser o seu par numa dança que é um prelúdio de amor.

E, olhando a cor dos seus olhos, com a coragem que nunca tive, 

 Encaminho-me ao teu destino e tomo teu corpo, num átimo, Transfigurando-me em homem em lugar do medroso menino.

E, enquanto rolava o tango, Éramos dois em um somente. / A

 mágica engendrava um sonho, / Onde nossos corpos enlaçados

 Eram, de  fato, um prenúncio: / De amores, desejos, pecados.

Bastou que a orquestra parasse / Para que findasse a magia./ E o

 estranho que te apartava, / Deu-te um beijo “caliente” / Que eu

 também te daria, / Não estivesse na parede, / Colado feito um

 calango, / Sonhando ainda acordado / Inebriado pelo Tango.

 “Tango”, de Alexandre Nogueira Pessanha (RJ),

1o lugar no I Concurso Tango Poesia.

Pilar Alvarez e Claudio Hoffmann (ARG)

 

Cantemos

(Vals - 1944)

Letra:  Homero Expósito                                                     Música:   Osmar Maderna

Donde el río se queda y la luna se va,

donde nadie ha llegado ni puede llegar,

donde juegan conmigo los versos en flor

tengo un nido de plumas y un canto de amor.

Tú que tienes los ojos mojados de luz

y empapadas las manos de tanta inquietud,

con las alas de tu fantasía,

me has vuelto a los días de mi juventud.

Pequeña, te digo pequeña,

te llamo pequeña con toda mi voz.

Mi sueño, que tanto te sueña,

te espera, pequeña, con esta canción.

La luna... ¡qué sabe la luna

la dulce fortuna de amar como yo!

Mi sueño, que tanto te sueña,

te espera, pequeña de mi corazón.

Hace mucho que espero y hará mucho más,

porque tanto te quiero que habrás de llegar;

no es posible que tenga la luna y la flor

y no tenga conmigo tus besos de amor...

Donde el río se queda y la luna se va,

donde nadie ha llegado ni puede llegar,

con las alas de tu fantasía

serás la alegría de mi soledad.

 

 

 

Assim se tece a história

Osmar Héctor Maderna foi músico, pianista, maestro, compositor e arranjador.  Nasceu em Pehuajó, província de Buenos Aires, em 26 de fevereiro de 1918.  Em 1924, apenas com seis anos, começou sua carreira artística na orquestra Vitaphone.  Em seguida, formou um dueto com seu pai. Foi solista na Rádio Callao e participou na orquestra de Lolo Fernández.  Começou a aparecer quando integrou a orquestra de Miguel Caló que, com seus retoques de piano, foi chamada de "Orquesta de las Estrellas". Formou sua própria orquestra quando se separou de Caló em 1945. Debutou no legendário café Marzotto, na Av. Corrientes, realizou turnês por Montevidéu e gravou cinqüenta e seis obras.

Foi compositor dos tangos "Concierto en la luna", "En tus ojos de cielo", "Volvió a llover", "Amor sin adiós", "Rincones de París", "La noche que te fuiste", "Rouge", "Escalas en azul", "Jamás retornarás", "Lluvia de estrellas",  gravada num filme de Walt Disney, "Lirio", "Cuento azul" e "¡Qué te importa que te llore!”.  Também valses como "Luna de plata" e "Pequeña", esta gravada por músicos de várias partes do mundo, uma milonga llamada "Caracatanfú" e uma peça de concerto chamada "Rapsodia de tango".  Era apaixonado pela aviação e em 1951 obteve seu brevê.  Pouco tempo depois, em 28 de abril de 1951, faleceu tragicamente num acidente com o aviãozinho que pilotava.

Fonte:  El Portal del Tango (trad. RM)