Nº 75 - Ano VII - Março de 2002


É freqüente a associação do Tango Argentino à música e à dança, modalidades que, embora não das mais divulgadas, estão presentes na mídia nacional e estrangeira.  O que praticamente não se conhece em nosso País é o Tango escrito, seja em prosa ou poesia, ou o Tango gráfico, através das artes plásticas, da fotografia, etc.

Para aqueles que fazem do Tango uma forma de trabalho ou de entretenimento, o desconhecimento pelos meios de comunicação, de tudo que diz respeito ao Movimento, é desconcertante (vide as inúmeras e infrutíferas tentativas de aproximação por ocasião de eventos levados a cabo com muito esforço, com ótimos resultados).

Contudo, o Movimento continua, novas milongas surgem abrindo o leque de opções para um público crescente.  Para incentivar e divulgar um pouco mais o sentimento em nós impregnado pelo Tango, é que sugerimos o I Concurso de Tango Poesia.  Participem!          

(RM)

 

Cantemos...

    

(tango – 1928)

                                                               

Letra:  Lito Bayardo Música:   Juan Rezzano 
   

Mientras la luna serena baña con su luz de plata

como un sollozo de pena se oye cantar su canción.

La canción dulce y sentida que todo el barrio escuchaba

cuando el silencio reinaba en el viejo caserón.

 

Cuentan que fue la piba de arrabal,

la flor del barrio aquel, que amaba un payador;

Sólo para ella cantó el amor, al pie de su ventanal.

Pero otro amor por aquella mujer

nació en el corazón del taura más mentao,

Y un farol, en duelo criollo vio,

bajo su débil luz, morir los dos.

 

Por eso gime en las noches de tan silenciosa calma

esa canción que es el broche de aquel amor que pasó.

De pena, la linda piba abrió bien anchas sus alas

y con su virtud y sus ganas hasta el Cielo se voló.

 

 

Assim se tece a história

Jornalista, ator, recitador, intérprete e fundamentalmente autor e compositor de tangos.  Nasceu na cidade de Rosário, no dia 3 de março de 1905.  Seu verdadeiro nome era Manuel Juan García Ferrari.  Suicidou-se em março de 1986.

Ganhou seu pseudônimo ao passar em sua cidade natal a companhia teatral que a atriz Gloria Bayardo encabeçava.  Aventurou-se pelo canto chegando a gravar integrando duos e trios.  Entrou para o radioteatro após debutar no Teatro Odeón de Buenos Aires.  Desde 1937 integrou o dueto Bayardo-Palacios.  Foi membro da Sociedade Argentina de Autores e Compositores (SADAIC) durante várias gestões, viajando à Europa como seu diretor.

Como ator, lembramos sua personificação de Ambrosio Río no filme “El ultimo payador” protagonizada por Hugo del Carril e inspirada na biografia de José Betinotti, cujo roteiro correspondeu a Homero Manzi, que brindou com uma versão livre do recordado repentista.

Em sua obra destacam-se mais de seiscentos títulos, sendo os mais lembrados “La canción”, “Desilusión”, “Mi cotorrito bohemio”, “Cuatro lágrimas”, “Mamá vieja”, “9 de julio”, “Pásaro ciego”, “Incertindumbre”, “Con la otra”, “Esta noche” e talvez seu êxito maior, com música do bandoneonista Juan Rezzano, “Duelo criollo”.

(Fonte:  El Portal del Tango  -  trad. RM)