Nº 63 - Ano VI - Março de 2001


Maria e Rodolfo Cieri

     

             O assunto é tão delicado quanto controverso quando expressamos nossa opinião quanto à musicalização das milongas.  Aqueles que assumem a direção musical em uma milonga têm uma grande responsabilidade, qual seja, a de selecionar as músicas que farão com que as pessoas se sintam motivadas a levantar-se de seus assentos e sair dançando. 

            O que às vezes acontece é que alguns DJs não levam em conta o gosto do público, e sim, o próprio, esquecendo que é o público que faz com que a milonga permaneça em alta.  Um bom diagnóstico de milonga decadente é quando vemos as pessoas sentadas em seus lugares com ar de enfado, mão no queixo, ou tomando todas, ou então em animados bate-papos, dignos de um autêntico botequim.

            Talvez na ânsia de revelar “grandes descobertas”, alguns oferecem aos freqüentadores arranjos nem sempre “dançáveis” (também há iniciantes no tango!) – está acontecendo com freqüência cada vez mais perturbadora.  Muitos não planejam seu baile ou o fazem de forma displicente, agrupando as músicas sem se preocupar com a harmonia das mesmas na tanda e das tandas entre si.

              Obrigado,  musicalizadores de alma sensível, cuidadosos com a seleção, atentos aos freqüentadores e observadores de suas reações.  É com dançarinos satisfeitos que a pista ganha vida – transparece em seus rostos o prazer de viajar juntos por alguns minutos ou pela noite adentro. Até os mais tímidos se encorajam e ”cabeceiam” para quem está ao seu lado, os pés tamborilando impacientes...                                        

(RM)

Cantemos...

(Vals)

 

De Rodolfo Sciamarella  (Versão gravada por Alberto Castillo)  

 

x He querido rendirle a los barrios un sincero homenaje de amor,

y no tengo motivo más lindo que brindárselo en una canción.

Cada uno encierra un recuerdo, cada uno me trae una emoción.

he querido rendirle a los barrios un sincero homenaje de amor.

 Barracas, La Boca, Boedo, Belgrano, Palermo, Saavedra y Liniers,

Urquiza, Pompeya, Patricios, San Telmo y Flores, mi barrio de ayer.

Balvanera, Caballito, El Retiro y Monserrat,

Villa Crespo, Almagro y Lugano, Mataderos y Paternal.

   (Recitado)

  Yo soy parte de mi pueblo y le debo lo que soy,

hablo con su mismo verbo y canto, canto con su misma voz:

Cien barrios porteños, cien barrios de amor,

cien barrios metidos en mi corazón.

 

Assim se tece a história

                      

              Pianista e compositor, nascido em Buenos Aires no dia 8 de outubro de 1902.  Membro de uma família de músicos, desde jovem teve afinidade com o Tango.  Em 1926, escreveu seu primeiro tango, cuja letra foi escrita por José M. Caffaro, mas não o assinou por motivos pessoais.  Chamou-se “No te engañes corazón”, e desde esse momento não parou mais de escrever sucessos.  

        Teve o privilégio de trabalhar com figuras de primeira grandeza do ambiente, como Carlos Gardel, Ignacio Corsini, Libertad Lamarque, Tania, Azucena Maizani e muitos mais.  Sua obra é muito extensa, por isso enumeramos alguns dos seus temas:  “Cien barrios porteños”, “Besos brujos”, “Che, Bartolo”, “Quién hubiera dicho”, “Por qué me das dique”, “De igual a igual”, “No quiero verte llorar”, “Llevatelo todo”, “Isabelita” e muitos mais.  Faleceu em sua cidade natal, no dia 24 de junho de 1973.

(trad. RM)