No 113 - Ano IX - Maio de 2005


"El Porteñito" - J.C. Liberti

O milongueiro foi e é o alimento da criação dos melhores espetáculos de tango do mundo.  Muitos permanecem anônimos, porque o sentido de sua dança não é outro senão desfrutar, brincar, "aparecer" para uma dama e talvez aprender algo mais consigo mesmo.

O milongueiro brinca com a incomparável intuição de seus pés, o improviso, o inesperado.  Escutar a música, interpretá-la, bailar "por dentro".  Como os músicos de jazz podem tocar a mesma obra de diferentes maneiras, o milongueiro nunca baila um tango igual a outro.

Seu destino, para muitos trágico, é na verdade seu maior orgulho: viver com intensidade e morrer de pé.  É importante que os que começam no tango compreendam o significado de "bailar um tango" e saibam descobrir, por puro prazer, a própria voz em seus pés, e em sua alma, a alma da milonga.

Luis Tarantino – trad. RM

 

Cantemos

 (tango - 1931)

Música :  Carlos Marcucci                                                                                    Letra:  Manuel Meaños

Vengo de tierras muy lejanas donde ayer

fuera a buscar olvido a mi dolor,

consuelo al alma que sufrió al creer

en los engaños y promesas del amor.

Rumbo al olvido, que es un bálsamo al sufrir,

partí llevando, en mi amargura,

el cruel recuerdo de la ventura

que en otros tiempos junto a ti creí vivir.

 

Fui esclavo de tu corazón, a tus caprichos yo cedí y me pagaste con traición.

Hoy, curada mi alma de su herida, pienso que nunca he de volver a mendigar tu querer.

 

 Porque allá, donde fui mis pesares a olvidar

del amor conocí la delicia hasta embriagar

y el placer que sentí mi dolor llegó a curar.

Mi pasión sólo dio los sentidos para amar,

pero mi alma dejó su pureza conservar

y así pronto llegó sus tristezas a olvidar.

 

Pero hoy te he visto junto a mi lado pasar

mi corazón tan rápido latió

que aquella herida que creí curar

ante tu vista de improviso se entreabrió,

pues no bastaron para calmar mi dolor

ni las caricias ni el olvido,

de nuevo sufro por ser querido

y hoy, como entonces, soy esclavo de tu amor.

 

Assim se tece a história

Bandoneonista e compositor, El pibe de Wilde nasceu em Buenos Aires (Barracas) a 31 de outubro de 1904 e ali faleceu em 31 de maio de 1957.  Estudou bandoneón com o “Alemán” Arturo Bernstein, e apenas um menino, debutou pouco depois no bar Iglesias da Calle Corrientes no chamado “Trio de Pibes”.  Passa a tocar em Avellaneda, depois em bares de La Boca e em vários salões conhecidos da época.

Em 1923, viaja ao México com uma companhia teatral, cujas atuações se estendem até Cuba.  De volta, ingressa na orquestra de Francisco Canaro, com quem viaja à França numa turnê triunfal em 1925. 

Em Buenos Aires, forma sua própria orquestra para gravar para a RCA Victor, trabalha em cinemas, rádios e locais famosos como “Armenonville”, “Charleston”, “Chantecler”, etc, para integrar, logo após, a típica de Julio De Caro.  Mais tarde, com orquestra própria, além de fazer bailes, rádios, discos, realizou turnês, uma delas com Carlos Marambio Catán e o bailarino Casimiro Aín (el vasco), quando chegou à costa do Pacífico.  Integrou com Maffia, Laurenz, Ciriaco e Piana o conjunto “Los Cinco Ases".

Como compositor, destacou-se desde seu primeiro tango, Viejecita mía, gravado por Gardel em 1923.  Logo após vieram Ojo clínico, Estrellita, ¡Qué maravilla!, Chivilcoy, Mi tapera, Tus caricias, Hay que entrar, Cielo azul, Romántica, Luna arrabalera, Esta noche, Esta tarde, La reja, Mi dolor, Y reías, etc.

Fonte:  “Todo Tango”  – Trad./Adapt.:  RM