No 185 - Ano XV - Junho de 2011


Mariana Casagrande (BRA) e Daniel Oviedo (ARG)

 

Cantemos

(Vals)

Letra: Enrique Dizeo                                                                         Música: Ángel Cabral

 

No te asombres si te digo lo que fuiste,

un ingrato con mi pobre corazón,

porque el fuego de tus lindos ojos negros

alumbraron el cariño de otro amor.

 

Y pensar que te adoraba ciegamente,

que a tu lado como nunca me sentí.

Y por esas cosas raras de la vida

sin el beso de tu boca yo me vi.

 

Amor de mis amores, amor mío, qué me hiciste

que no puedo consolarme sin poderte contemplar.

Ya que pagaste mal a mi cariño tan sincero,

lo que conseguirás que no te nombre nunca más.

 

Amor de mis amores si dejaste de quererme,

no hay cuidado que la gente de eso no se enterará.

Que gano con decir que otro querer cambió mi suerte,

se burlarán de mi, qué nadie sepa mi sufrir.

 

Canta Sandra Luna (2003) com orquestra

Clique no link (na história de Angel Cabral, abaixo) para ouvir esse vals na voz da chansonnière francesa Edith Piaf (*) - imperdível!!!

 

Assim se tece a história

 

Guitarrista, compositor e cantor, nasceu em Buenos Aires em 1o de outubro de 1911 com o nome de Ángel Amato.  Foi sem dúvida um personagem singular de pura etnia portenha.  Na área artística, começou cantando acompanhado por guitarra; era um boêmio pronto a tocar onde o chamassem, puramente amador.  A partir de 1940, formou um trio com Juan Riverol e Ángel Robledo, que na década de 50 integrou o conjunto de guitarras de José Canet, Roberto Grela e durante um bom tempo acompanhou a cantora Nelly Omar.  Esse trio de guitarras e vozes gravou com a orquestra de Sebastián Piana.  Separaram-se e tornam a unir-se em 1947, saindo Robledo, substituído por Alfredo Palacios.  Participaram em coro na orquestra de Miguel Caló, no tempo do solista Raúl Iriarte. O trio se manteve durante os primeiros anos da década de 50 e logo se dissolveu.

Ao longo de sua carreira, compôs mais de 200 canções:  Que nadie sepa mi sufrir, Amarraditos, Plegaria (valses peruanos), Errante vagabundo, Desagradecida e Desamorada (valses); Su nombre era Margot, El clavelito, No, no llores más, Amor de chiquilina, Yo soy milonga, Y con eso dónde voy, Un cielo para los dos, Fueron tres palabras e Que sea lo que Dios quiera (tangos).

Mas de todas essas obras, existe uma memorável que rompeu a tradição e converteu-se em êxito internacional, o vals peruano Que nadie sepa mi sufrir.  O fato ocorreu em 1953, numa apresentação no Teatro Ópera de Buenos Aires da cantora Edith Piaf.  Essa inesquecível intérprete escutou a valsinha e levou-a a seu país.  Já em Paris, convocou o autor Michel Rivegauche, que trocou a letra e o título e assim nasceu La foule, que em francês significa "A multidão".  A transformação resultou num sucesso estrondoso desde essa mesma estréia.  O tema fez parte do repertório de músicos e cantores notáveis, como Frank Pourcel e Julio Iglesias, e os argentinos Alberto Castillo, Carlos Dante, Alberto Marino, Ángel Cárdenas, entre muitos outrosA obra rendeu um importante benefício econômico a seu compositor.  Com a receita a nível internacional, comprou uma casa em Mercedes, província de Buenos Aires, onde recebia seus amigos para saraus de guitarras e saborosos churrascos, conforme ele mesmo contava.  Faleceu em 4 de junho de 1997.

Fonte:   Néstor Pinsón, para Todo Tango (trad. RM)