No 126 - Ano X - Junho de 2006


"Napo Tango"  por Antonio Mongiello (Napo)

Numa Milonga, o que sente um coração quando um tango passa por dentro?  Em qualquer lugar onde se ouve um tango, o coração percebe de imediato que um ritmo único, simples, vibrante e cadenciado o está motivando, com letras que apenas pela entonação do canto transmitem romantismo e melancolia.

O tango leva ao abraço; o abraço implica sentir a dois e com o ritmo, sentir a três, com a conseqüente potencialização dos sentidos.  Se escuta uma milonga ou um vals, palpita e abre as comportas para a alegria transbordar... Resistir, quem há de?

E repentinamente, após uma belíssima seqüência de Pugliese, explode um samba de raiz...  Toca outro, e mais outro, e ainda outro. Lindos, mas - espera aí, não estamos num Baile de Tango?  Não acredito - acabou ou estávamos sonhando?

(RM)

 

Cantemos

(Tango)

Música: Arturo De Bassi                                                Letra: Roberto Lino Cayol

A mi me llaman El Caburé porque soy

un tipo que me hago temer donde voy

y a más yo tengo la virtud de poder amar

la palomita más gentil que quiera amar.

 

Por eso me han de ver salir con afán

en cuanto empieza a anochecer sin temor

y al extender mis anchas alas

hago galas de un sentido amor.

 

Es en vano que me impidan dragonear

a la que ha de pagar el fuego de la gran pasión

de mi canción.

 

Y si algún malo se ha de dar el dique

de afrontar la fuerza mi invencible fe,

toda la vida, yo, le juro, ha de acordarse

de quien es El Caburé.

 

Assim se tece a história

 

Pianista, clarinetista, compositor e maestro, Arturo Vicente de Bassi nasceu no bairro La Recoleta, Buenos Aires, em 1890.  Desde muito jovem estudou teoria, harmonia e piano, instrumento com o qual debutou em 1905 no Teatro Apolo. 

Muitas de suas composições marcaram lugar na história da música portenha, como Mano blanca, com Homero Manzi, Canchero, com Celedonio Flores, El incendio e La Catrera.  Em 1911, com apenas 21 anos, compôs El cabure, seu tango mais famoso.  Também se dedicou a reger orquestras, como as dos Teatros Maipo, San Martín e Buenos Aires, a partir de 1925. 

Além disso, compôs:  El dormilón, El chajá, Barro blanco, Don Pacífico, Resaca, Manón, Maruca, Qué rana para un charco, El querendón, El neurasténico, La pebeta, etc.  Dedicou-se, também, a dirigir orquestras como as do Teatro Maipo, Teatro San Martín e Teatro Buenos Aires a partir de 1925. 

Faleceu em sua residência da Calle Ayacucho 232, na cidade de Buenos Aires, em junho de 1950.

O significado da palavra caburé, em lunfardo é:  indivíduo cortejador, galan teador, sedutor, conquistador, irresistível. Valente. Pequeno pássaro de rapina, a cujas plumas se atribui boa sorte, sendo usadas como amuleto.

Fonte:  Todo Tango e Portal del Tango – trad. RM