Nº 66 - Ano VI - Junho de 2001


 

 

Botero - "The Dancers"

Lembremos o querido Jorge Luis Borges, que lá pelo ano 1926 disse: “já Buenos Aires, mais do que uma cidade, é um país e há que lhe encontrar a poesia, a música, as cores e a metafísica que convenha à sua grandeza”. 

Esse é o tamanho da minha esperança, aquela que nos convida a ser deuses e a trabalhar na sua encarnação. 

Poderíamos dizer que a cidade “portenha” chegou ao mundo com todos os elementos que se completam num Tango.  Os mortais, ao dançar, são a encarnação dessas divindades. 

É claro!  Somos humanos, essa encarnação deve acontecer como no ato do amor quando se completa:  é imperioso renová-lo e recomeçar... assim como após cada cortina.  

(A.D.R.)

 

                

Cantemos...

Letra:  Celedonio Esteban Flores                                                            Música:  José Razzano

Soy un porteño nacido en el barrio que se cuadre,

niño bien, medio compadre, sobrador y consentido.

Tengo fama de aburrido y ando galgueando la guita

Pero guardo la infinita nobleza de ser humano.

Si canto con “Mano a mano” lloro con “La cumparsita”.

 

Me hice una ley: ser derecho en la mala y en la buena,

Silbo y desato la pena que se hizo nudo en mi pecho.

Guardo en mi alma en acecho una pasión sin medida

Y sé jugarme la vida por un naipe y una dama!

Si me habrán dejao de cama naipes, paicas y bebidas.

 

Me templé en los bodegones sacando lustre al estaño,

Vi hacer callo al desengaño en corazón de varones;

Pianto de los metejones que trae el amor fulero,

Pero soy bueno y sincero cuando el amor me hecho garra.

¡Yo soy como una guitarra: canto y lloro cuando quiero!

 

 

Assim se tece a história

 

        Nasceu em Montevideo em 1887, mas mudou-se desde muito pequeno para Buenos Aires, onde a família viveu em Balvanera al Sur.  Adolescente, iniciou-se artisticamente como cantor de estilos e canções criollas num bar localizado na esquina de Corrientes com Paraná.  Ali ganhou fama de bom vocalista e loco se popularizou seu apelido El oriental.

        Teve papel importante no desenvolvimento do tango quando, formando o famoso dueto com Gardel, as canções, cifras, estilos, milongas, etc. foram cedendo terreno ao tango-canção.  Assim como aquele que iria ser seu futuro parceiro, era promovido pelos comitês dos caudilhos; então, em 1911 teve o seu célebre encontro com El Morocho del Abasto no café da esquina de Entre Ríos com Moreno.  Formaram, também, um quarteto com Saúl Salinas e Francisco Martino.  

        Em 1917, a dupla já estava coroada e iniciava suas gravações.  Em 1925, por causa de problemas nas cordas vocais, abandonou o canto e passou a ser representante e procurador dos direitos de Gardel até 1933, quando este o destituiu.  Também junto com Celedonio Esteban Flores, foi parceiro de Carlitos no histórico e até hoje divulgado Mano a mano - tango no qual música e letra atingem um raro entrosamento.

        Outras composições em parceria com Gardel:  A mi madre, Ausencia, El sol del 25, Aurora, Contrastes, AyElena, Ave sin rumbo, Noche fría, Medallita de la suerte, El cardo azul, Rumores, La mariposa, Calavera viejo, El vagabundo, El moro, El pangaré, El tirador plateado.

(trad. RM)

Voltar