No 115 - Ano IX - Julho de 2005
Os amigos, comumente, optam por Recuerdo e querem mais informações, por não compreenderem o porquê da escolha. Há uma fascinação imediata, sem dúvida suscitada pela riqueza harmônica e o ensemble perfeito. Histórias de tangueros contam os pedidos, a repetir até dez vezes o tango em noite de Milonga, em que os sulcos das 78 rotações de massa eram gastos, reproduzindo, assim, um confuso rumor de piano, violinos e bandoneón misturados em uma planície sonora e difusa. Recuerdo, lançado à impetuosa corrente tanguera da década de vinte, chegou caracterizado com a capacidade criativa do maestro Pugliese. Sua vigência permantente, ao longo dos anos, venceu opostas inclinações de gerações. Para ser ouvido, torna-se imprescindível uma atitude de afastamento do todo, como dever de ingressar em si mesmo, longe do ambiente circundante. Ao se bailar, cria o uni-pessoal entre homem e mulher. Não admite qualquer classe de hermenêutica, ele conhece o pulso de Buenos Aires e chega até a expor seu caráter sentimental, seus sonhos, cheiros, hábitos e nossas fraquezas. Palavras não são suficientes para se lograr o mergulho no segredo desta jóia. Recuerdo que se nutre de magia... (A.D.R) |
Cantemos |
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Ya me estoy poniendo mal
de verte así Recuerdo que eras más linda que una guinda
y un
pelpa de cien,
y un encantador
vaivén... Y hoy
que el tiempo aquel ya se ha fugado |
Assim se tece a história |
Bandoneonista, mastro e compositor. Aluno de Genaro Espósito (Tano Genaro), sua iniciação profissional deu-se em 1913, com Roberto Firpo no bar "Iglesias". Com seu próprio trio, apresentou-se no ano seguinte no "El Caburé", um bar da Avenida Entre Ríos.
Após diversas atuações em numerosos cafés, animou centenas de bailes e começou a gravar com sua orquestra no selo Brunswick, acompanhando o famoso cantor Agustín Magaldi.
Embora quase sempre estivesse à frente de uma orquestra, chegou a integrar a de Francisco Lomuto, entre outros de menor hierarquia. Teve brilhante atuação na Rádio Belgrano, na feliz era radiofônica.
Em 1914 escreveu seu primeiro tango chamado Siga el corso e em 1920 o orgulho da música portenha à qual até os mais empedernidos não resistem por sua delicada melodia: Chiqué. Este magnífico tango levou seu nome à posteridade, porém compôs outros com muito mérito: Siempre viva, Bacán fulero, Rulitos, Boquense, Caridad, El secante, El espamento", Florida del arrabal, Milonga y copetines, Encantado de la vida, Crisálida, Imploración, Espina de una Flor, Ambiciosa, El alazán, De puro gusto, Para mis amigos, El octavo, Qué bomboncito, La reina del bulín, Por seguidora y por fiel.
Brignolo nasceu em Buenos Aires em 7 de março de 1892 e ali faleceu em 27 de março de 1954.
Fonte: Todo Tango – trad. RM