No 156 - Ano XIII - Janeiro de 2009


Corina de la Rosa e Julio Balmaceda (ARG)

“Por que tanta necessidade de aparecer? O pessoal está dançando e, alguém que dança de forma razoável fica olhando nos espelhos ou para o pessoal das mesas como que se exibindo. Quando começamos a fazer aulas, lembro-me que alguém falou que o homem tem que dançar para sua dama, com aconchego, proteger, levar. E, realmente, isso é o mais gostoso. Levar a dama num movimento que você não sabe se ela vai fazer, e ela faz.”

Eis um depoimento colhido num dos jornais de dança mais lidos do País, a respeito de uma questão das mais polêmicas que ronda os salões de baile.  Atrevo-me a completar que a vaidade e a competição têm sobrepujado o sen-timento de amor ao Tango, à música que toca enquanto dançamos.  Pensemos nisso com carinho...

(RM)

Cantemos

(Vals – 1941)

Música:  Manuel Buzón                               Letra: Ismael R. Aguilar

 

Llegaba en coche a la ventana de la moza

y se embriagaba con glicinas y jazmines;

traía un ansia de zorzal en los cantares

ponía el alma en las guitarras y violines.

A la hermosura quinceañera le dejaba

el homenaje de su acento y de su amor

y se alejaba con el premio de un suspiro,

una sonrisa, un "muchas gracias" y una flor.

 

En la lejana noche fue canción de amor y fe,

en la vidala fue el dolor del mozo trovador...

Con habaneras vino al barrio a suspirar

y al claro de la luna, su farol de plata,

le pidió a la ingrata que supiera amar.

La linda moza al despertar al son de la canción.

Abría su alma y su balcón poniéndose a soñar...

Y florecía la esperanza del cantor

al ver que la sonrisa de la porteñita,

era una infinita promesa de amor.

 

Enmudeció la serenata para siempre,

ya no anda en coche con guitarras y violines

siguió el camino de las buenas ventanitas

que se adornaba con glicinas y jazmines.

Se fue al ocaso con el coche en que llegaba

partió al recuerdo con Gabino, el payador.

Y se cerraron los balcones que se abrían,

para brindarle un "muchas gracias" y una flor.

Assim se tece a história

 

 

Pianista, cantor, maestro e compositor, nasceu em 18 de dezembro de 1904, no bairro de Flores.  Desde seus primeiros estudos, demonstrou inclinação para a música e o canto.   Em 1924, é diplomado em piano e solfejo e logo inicia sua atuação na Radio Nacional Flores como pianista e cantor.  Em princípios de 1926, suas qualidades de compositor aparecem com os tangos "Calla corazón", "La maestrita" e "Acacia".   Em 1928, apresenta seu tango "Mediodía" com letra de Celedonio Flores. 

Debuta no Cine Villa Crespo à frente de sua orquestra, da qual é, além de maestro, pianista e cantor. Em meados de 1929, parte em turnê para a Espanha já com uma orquestra de porte e alcança sucesso retumbante em Barcelona, Madri, Murcia, Alicante, Cartagena e Sevilha.  Em 1930, retorna a Buenos Aires e como a ocasião não era oportuna, dedica-se a compor, lançando o tango "Bigotito".  Mais adiante, atua em rádios, teatros e bares. Em março de 1932 apresenta-se com sua orquestra encarnando o tango da época no espetáculo "El tango porteño" no Teatro Nacional, ao lado da Orquesta de la Guardia Vieja, que representava o tango de antes do bandoneón.  Em princípios de 1933, realiza-se um concurso para os melhores tangos do ano, quando Buzón obteve o terceiro lugar com seu tango "Después hablamos".  Continua seu trabalho artístico pelo interior do país até que reaparece em 1942 na Radio El Mundo, quando apresenta a milonga "Mano brava" e o tango "Al cerrar los ojos".  Entre os anos 1942 e 1943 grava diversos discos pelo selo Odeon.  Manuel Buzón faleceu em 14 de julho de 1954 deixando uma página inestimável na história do Tango.  Fez dele um culto e lutou na Argentina e no exterior para difundir sua essencia pura.

Fonte:  Todo Tango (trad. RM)

voltar ao início