No 144 - Ano XII - Janeiro de 2008


 

Alguns podem se inquietar com a diversidade.  O que é bonito ou feio?  O que é certo ou errado?  Às vezes pensamos que sabemos...

O tango irreverente e transgressor traz as suas lições: pés que deslizam inquietos no salão, outros pisam com cadência calma e lânguida; mãos justapostas com firmeza ou com ternura em abraços milongueiros ou em clássicas figuras coreográficas; improvisadas influências de vanguarda ou o conforto do tradicional.  São todos estilos, são várias histórias; são diferentes lições. 

Somos muitos no salão, mas é da arte e beleza de cada um que o tango ganha vida.

2008 abre novas portas para a geografia humana dessa dança, que cresceu em Buenos Aires e embriagou o mundo. 

Seja inigualável, seja você!

(T.S.)

 

 

Cantemos

 

(Tango)

Letra:  Ernesto Paredes                                                                     Música: Ángel Cabral

(Orquesta Hector Varela, canta Raúl Lavié)

 

Yo no quise hacerte daño, corazón,

perdoname todo el mal que te cause,

hoy comprendo que la duda fue mi error,

por eso te vengo a ver.

Que culpable pudo ser, si en el amor,

otras bocas me enseñaron a mentir,

porque nunca me brindaron el calor

que en tus besos yo senti.

 

Te creía como todas, las que en mi vida cruzaron,

te creía como todas, las que mi boca besaron,

yo no quise hacerte daño, como quisiera gritar,

te creía como todas - pero vos no sos igual...

 

Abrazame como antes corazón,

abrazame, que me muero sin tu amor,

yo se bien que todavia me queres,

pero más te quiero yo.

 

 

Assim se tece a história

 

 

Cantor e ator, nasceu em Rosario a 22 de agosto de 1937, com o nome Raúl Alberto Peralta.  Dono de uma voz potente de barítono grave é hoje, provavelmente, o cantor mais cotado dos palcos portenhos.

Em suas primeiras gravações com a orquestra de Héctor Varela, em 1957, expressa uma fibra vocal e interpretativa adequada ao gênero, com três temas para a empresa Columbia: o vals "Señora princesa", o tango "Y no me digas que no" e "Te creía como todas".  Também cantou nas Radios Belgrano e El Mundo, tendo boa receptividade.  Em 1959, desvinculado de Varela, ainda grava com Héctor Stamponi para o selo Philips. 

Nesse ponto, sua relação com o tango é interrompida.  Da noite para o dia, começou a fazer sucesso numa época em que o rock capturava a juventude em detrimento do tango.   A década de 60 foi, seguramente, uma das mais difíceis para a música cidadã.  Porém, em 1963, o tango voltou através do maestro Ángel D'Agostino, com quem Lavié gravou os tangos "Mi chiquita" e "Yo te canto Buenos Aires".  Também apresentou-se na TV, acompanhado pelos maestros Horacio Salgán e Osvaldo Fresedo.

Anos depois, começou como ator na Comedia Nacional e, em 1967 viajou ao México, foi contratado pela televisão local e atuou no teatro junto a Libertad Lamarque, trabalhando nos melhores locais da noite mexicana.

Depois de alguns anos, voltou a Buenos Aires e então se sucederam ininterrup-tamente apresentações teatrais, recitais e também sua atuação em filmes.  Entre os vários musicais nos quais atuou, estão:  "El Hombre de la Mancha" (baseado na obra de Cervantes), "Gotán", "De Borges a Piazzolla", junto ao dançarino Juan Carlos Copes, todos grandes êxitos de bilheteria.  E no plano internaconal, foi o astro principal de "Tango Argentino", responsável pela difusão do tango nos palcos mais famosos do mundo.  Em 1999, fez uma turnê pelos EUA, como protagonista da ópera "María de Buenos Aires", de Astor Piazzolla e Horacio Ferrer. 

Em 2001, esteve em 55 cidades japonesas, com estrondoso sucesso.  Abriu, no bairro La Boca, uma casa chamada "Che Tango", concretizando o desejo de ter o seu próprio lugar para cantar o Tango.

Fonte:  Todo Tango e El Tangauta – trad. RM)

VOLTAR - VOLVER