Nº 97 - Ano IX - Janeiro de 2004


Ilustração por Flavia Valente

 

Atitude... Quanto significado esta palavra carrega!  E que atitude teve aquela grande dama ao anunciar em seu baile uma novidade em matéria de costume.  É de praxe, em todos os bailes, as damas serem convidadas à pista pelos cavalheiros, seja ao pé de sua mesa ou de longe, através de um aceno.  Muitas vezes uma dama é tirada repetidamente por vários dançarinos, mas sempre existem exceções – e, em nossos bailes, como elas existem! 

Então, naquele baile de final de ano, a anfitriã propôs que, durante trinta minutos, em tandas de duas músicas, as damas fizessem sua a prerrogativa de chamar os dançarinos com quem gostariam de bailar.  Resultado:  Quase todas as mesas ficaram vazias, a pista ferveu como um caldeirão e, ao final, uma sensação agradável de plenitude, algo que finalmente aconteceu!  Quem sabe assim as pessoas possam descobrir que pode haver diversão e boa convivência nos bailes, e a “fila possa andar”... 

(RM)

Cantemos

(tango - 1933)

Música:  Armando Pontier / Miguel Caló                                                               Letra:  Federico Silva

"Tango" por Liliana Rago

¡No estás¡  Te busco y ya no estás.

Espina de la espera que lastima más y más...

Gritar tu nombre enamorado.

Desear tus labios despintados, como luego de besarlos...

¡No estás¡  Te busco y ya no estás.

Qué largas son las horas ahora que no estás!...

 Qué ganas de encontrarte después de tantas noches

Qué ganas de abrazarte,

¡qué falta que me hacés¡...

Si vieras que ternura que tengo para darte,

Capaz de hacer un mundo y dártelo después.

Y entonces, si te encuentro, seremos nuevamente,

Desesperadamente, los dos para los dos.  

Orquesta Leopoldo Federico, canta Julio Sosa

 

Assim se tece a história

René Federico Silva Iraluz, poeta, nasceu a 5 de janeiro de 1920, falecendo a 5 de fevereiro de 1986.  Este peculiar letrista uruguaio é um fiel representante da escola romântica que surgiu com força na década de 40.  Seu primeiro tango foi Dejame verte, de 1943.  Depois seguiram-se Pena de luna (com música de Sebastián Piana), Letra de tango, Flor amarga (José Puglia e Edgardo Pedroza), Sin estrellas, Vencida e Murga de pibes (com Donato Racciatti).  Em fins dos anos 50, começa outra série de sucessos com Hasta siempre amor (Donato Racciatti), Que falta que me hacés (Armando Pontier e Miguel Caló), El puente (Armando Pontier), Vos y yo corazón (Luis Stazo), entre muitos outros dessa época.

Federico Silva foi antes de tudo um jornalista.  Iniciou-se como cronista no jornal El País, o mais importante do Uruguai, em 1937.  Continua, em 1938, escrevendo sobre o mundo do espetáculo na revista “Cine Radio Actualidad”.  Integrou, mais adiante, entre 1955 e 1965, o grupo do semanário “Marcha”, revista que reunia intelectuais e políticos, fazendo crônicas sobre a música e o tango.  Também escreveu nas revistas “Tangueando”, de Montevidéu, e “Cantando”, de Buenos Aires.  Como veterano cronista do jornal El País, foi responsável, de 1958 a 1960, pela edição especial que o mesmo fazia a cada ano por ocasião do aniversário da morte de Gardel.

Na década de 60 escreve Tal vez mañana (Donato Racciatti), Amor de verano, Desconocidos e Ya vuelvo (todos com Luis Stazo).  Em 1968 escreve 12 temas para um disco de selo Victor, com o cantor Roberto Goyeneche acompanhado pela orquestra de Anibal Troilo.  Todos esses temas foram compostos por Armando Pontier.  Entre eles se destacam: Palermo en octubre, Cielo de cometas, Otra vez Esthercita e Nuestro Buenos Aires, que dava nome ao long-play.

Evidentemente, seus maiores êxitos foram os já mencionados tangos Hasta siempre amor e Que falta que me hacés, que contam com muitas versões discográficas e figuraram no repertório dos cantores mais importantes de sua época.

Fonte:  Todo Tango (Ricardo G. Blaya – trad. RM)