No 169 - Ano XIV - Fevereiro de 2010


Relevo em painel do Caminito "En el bairro"

Tango que fostes hostilizado, reprovado, ensalsasdo, menosprezado, satirizado, analisado, popularizado, vangloriado e endeusado pelo mundo todo.

Seja “un pensamiento triste que se baila...”, seja “o produto híbrido do arrabal porteño”, seja “a dança mais sensual já conhecida”, seja “uma possibilidade infinita”, seja “o fenômeno mais assombroso acontecido no baile popular”, seja “uma dança introvertida e introspectiva”...

Seja como for, não se pode negar a argentinidade do tango que bailamos, respeitando os compassos, trazendo prazerosamente a dama contra o peito e, entre uma e outra cortada, meditamos nossa sorte e a estrutura da existência humana.

A.D.R.

 

 

Cantemos

(Tango - 1927)

Letra: Luis Bayón Herrera                                                                                     Música: Raúl De los Hoyos 

¡Por favor, lárgueme agente! No me haga pasar vergüenza.

Yo soy un hombre decente, se lo puedo garantir.

He tenido un mal momento al toparme a esa malvada,

mas no pienso hacerle nada, ¡para qué! ya se ha muerto para mí.

 

Un tropezón cualquiera da en la vida, y el corazón aprende así a vivir.

D'entre su barro la saqué un día y con amor la quise hasta mí alzar.

Pero bien dicen que la cabra al monte tira y una vez más razón tuvo el refrán.

Fui un gran otario para esos vivos, pobres donjuanes de cabaret,

Fui un gran otario porque la quise como ellos nunca podrán querer.

 

Lléveme nomás agente, es mejor que no me largue.

No quiera Dios que me amargue recordando su traición.

Y olvidándome de todo a mi corazón me entregue

y al volverla a ver me ciegue, y ahí nomás...

¡Lléveme, será mejor!

Orquestra de Juan Carlos Bera, canta Mariano Leyes

 

Assim se tece a história

 

Pianista e compositor, Raúl Joaquín De los Hoyos nasceu em Saladillo (Buenos Aires) em 21 de agosto de 1898. Tinha 7 ou 8 anos quando seu gosto pela música o foi levando de um lugar para outro até que já rapaz alguém o descobriu, em fins de 1924 para musicar um tango que estrearia no Teatro Maipo.  O tango era Sonsa que, com letra de Emilio Fresedo seria sua primeira composição.  Para o mesmo teatro, escreveu, em 1925, sua obra duradoura Viejo rincón.  Escreveu também nesse ano Noches de Colón, e no ano seguinte Anoche a las dos.  No mesmo palco do Maipo a grande Tita Merello levou seu Del barrio de las latas, com letra de Emilio Fresedo.  Esses tangos deram invejável fama a Los Hoyos, o que atraiu diversos empresários.  Assim se deu com o sucesso Un tropezón, para a revista "Las estampas iluminadas", de Antonio De Bassi, com a inigualável Sofia Bozán, no Teatro Sarmiento.  Escreveu, junto com Alberto Vacarezza, El carrerito, em 1927, tango que Libertad Lamarque entoa no Teatro Nacional em "El corralón de mis penas".  Também compôs El alma de la calle, tango que serviu de propaganda a um filme homônimo; Aquel cuartito de la  pensión, premiado num concurso dos discos Nacional.  Todos tangos citados até aqui foram gravados por Carlos Gardel, que conheceu em seus inícios, com seu êxito Sonsa.  Outro sucesso seu, Entrá sin miedo hermana, foi estreado no Teatro Maipo e Azucena Maizani o gravou em 1926 em discos Nacional. 

A lista de suas composições se completa com os tangos Mueble viejo, Purrete de mi amor, Dejá que la gente diga, Quemá esas cartas, Atorrante, Dos ojos negros, Bajo el beso de la luna, El generoso, Con alma y vidaAlém de executante, atuou como cantor e locutor em diversas emissoras de rádio nos anos 1927-28.

Fonte:  “Todo Tango” – trad. RM