No 157 - Ano XIII - Fevereiro de 2009


Ouvindo "Fuegos Artificiales" d'El Tigre Eduardo Arolas, um van-guardista de sua época, um exe-cutante e célebre maestro pelos fraseados em oitavas, com um som de grave tendência, ousado em relação aos seus antecessores, me invade a lembrança do grande compositor Ravel, que da mesma forma abriu um caminho original, chegando a ignorar os valores evocativos tradicionais, retendo somente a cor de um timbre regular.

É assim em todas as artes - surgem os renovadores que tantas vezes alcançam o reconhecido su-cesso.  Salve el Tigre Arolas! 

(A.D.R.)

Cantemos

(Milonga - 1968)

Música:  Tito Ribero                                    Letra:  Leopoldo Díaz Vélez

Con la milonga la voy de igual a igual

porque también soy milonga...

Nací en un barrio sencillo y querendón

y me fajaron al son del bandoneón.

Cuando hubo bronca entre guapos

no siempre el más taura quedaba de capo.

Se caminaba con aire sobrador,

se chamuyaba al revés por diversión

y era el piropo una industria nacional

florida y sentimental.

Con la milonga la voy de igual a igual...

Somos del mismo arrabal.

 

Vamos subiendo la cuesta

que arriba la noche se viste de fiesta;

vamos que arrullan los fueyes

y al ritmo de un tango recuerdos nos llueven...

Veo pasar a Don Juan y El Cachafaz

y a El Entrerriano montando El pangaré,

con La Morocha argentina y la casquivana Ivette...

Con la milonga la voy de igual a igual:

Somos del mismo arrabal.

(canta Mario Bustos com Orquestra de Osvaldo Requena)

Assim se tece a história

 

 

Cavalheiro elegante e ameno, eterno galã, sofredor pelo amor das mulheres, recitador, cantor e poeta, reúne todas as facetas do típico portenho.  Nasceu em 1º de setembro de 1917 no Barrio Norte, Cidade de Buenos Aires.  Frequentavam sua casa músicos e poetas amigos de seu pai, que o contagiou com o gosto pelo tango.  Começou ainda menino a fazer versos.  Sua poesia era densa, dramática, quase ingênua, mas com o tempo foi-se transformando numa obra romântica e delicada. Como eterno apaixonado, sofreu várias decepções que alimentaram seus versos.  Procurava músicos para seus temas e, quando estava inspirado, entoava a melodia que rondava sua cabeça para aquele que, definitivamente, a passava para uma pauta.

Em sua juventude ganhou fama como recitador.  Músicas que os artistas cantavam como milonga, com sua entonação adquiriam uma força inigualável, e assim o chamavam de todos os lados, festivais de bairro, clubes, etc.  Admirava e respeitava Carlos Gardel, mas era fã confesso de Charlo.  De sua autoria, Ángel Vargas gravou 1910, Boliche de cinco esquinas, Si es mujer ponele Rosa, Quién tiene tu amor e Embrujo de mi ciudad.  Apresentou-se como cantor com a orquestra de Armando Pontier em La milonga y yo e Quién tiene tu amor, com estrondoso sucesso.

Como cantor teve longa e bem-sucedida trajetória, mas seu maior sonho era ser autor.   Numa oportunidade, na falta de um letrista para um tango, nasceu Llanto en el corazón. Depois compôs Muchachos comienza la ronda.  Com o passar do tempo, o próprio Díaz Vélez se surpreende quando no SADAIC lhe informaram que tinha mais de 400 obras registradas, das quais mais da metade foram gravadas, algumas com grande repercussão fora do país.  As vozes mais destacadas no cenário artísitco musical cantaram seus temas.  Foi, sem dúvida alguma, um dos grandes autores românticos da música popular portenha.  Veio a falecer em 4 de julho de 2007.

FonteRicardo García Blaya e Néstor Pinsón para Todo Tango (trad. RM)

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