Nº 48 - Ano IV - Dezembro de 1999

Abraçados

Você está no Tango?

O estar é uma categoria do ser sem estar.  Porque ser é abrangente, é total. 

Não é possível, porém, estar sem ser.

Ser milongueiro tem relação ao estar no Tango;

mas o máximo que é permitido ao estar é coincidir, por vezes, com o ser.

Existimos somente por interferência?

Somos, quando a vida nos aplica o princípio da causalidade?

Cada um poderá responder segundo suas crenças.

Nossos corpos seguindo os compassos, eis a evidência objetiva imediata - ACTU EXERCITO.

O ser pertence ao cosmos e o Tango ao mundo.

(A.D.R.)


Feliz Natal 99

Desejamos a todos os amigos (tangueiros ou não) uma maravilhosa passagem para o Ano 2000!


Cantemos!

(tango)

Letra:  Homero Manzi

Música:  Lucio Demare


Malena canta el tango como ninguna y en cada verso pone su corazón,
al yuyo del suburbio su voz perfuma, Malena tiene pena de bandoneón.
Tal vez allá en la infancia, su voz de alondra tomó ese tono oscuro del callejón
o acaso aquel romance que sólo nombra cuando se pone triste con el alcohol...
Malena canta el tango con voz de sombra, Malena tiene pena de bandoneón.

Tu canción tiene el frío del último encuentro,
tu canción se hace amarga en la sal del recuerdo
yo no sé si tu voz es la flor de una pena,
solo sé que al rumor de tus tangos, Malena
te siento más buena, más buena que yo.

Tus ojos son oscuros como el olvido, tus labios apretados como el rencor,
tus manos, dos palomas que sienten frio, tus venas tienen sangre de bandoneón.
Tus tangos son criaturas abandonadas que cruzan sobre el barro del callejón,
cuando todas las puertas están cerradas y ladran los fantasmas de la canción.
Malena canta el tango com voz quebrada, Malena tiene pena de bandoneón.


Trio Pascual Mamone - canta Silvana Gregori

   

 
Assim se tece a história

A História de

Depoimento de Acho Manzi, filho de Homero Manzi:

"Lucio Demare me levava à minha casa em Palermo, na época em que filmávamos o curta "Homero Manzi", com música do próprio Demare, e uma noite, quando voltávamos da gravação, passando pelo Restaurante "El Guindado", na esquina da então Acevedo e Av. Libertador, estacionou o carro. Descemos para comer algo. Achei graça quando Demare pediu "Revuelto Gramajo", meu prato favorito. Então, enquanto comíamos, contou que numa bela madrugada no final do ano 1942, voltando de uma boate, veio comer neste mesmo lugar. Pediu que lhe trouxessem a mesma comida. Enquanto esperava, tateando os bolsos do casaco, encontrou uma carta, vinda do Brasil, que havia trazido de casa, sem abrir. Era de meu pai; era a letra de "Malena". No momento que começou a lê-la, veio a música à sua cabeça. Empurrou seu prato para poder escrever a melodia no verso do poema; em seguida, levantou-se e foi para casa terminá-la. Não tocou em nada, não mudou nenhuma letra. Tampouco tocou na comida.

            Desde aquele dia, Malena passou a fazer parte dos fantasmas que habitam a noite de Buenos Aires. Também passou a ser residente da noite do mundo. Uma letra vinda do Brasil, um homem sentado em Palermo. "El Guindado" não existe mais, fechou, e em seu lugar construíram um enorme prédio. Os autores também não existem mais. Um fez a letra, outro a música.

            Se Malena existiu? Sim, havia uma cantora no Brasil com o nome artístico de Malena.  Homero Manzi esteve no Brasil e sua carta chegou às mãos de Demare.  O tango ficou popular, tornou-se um clássico e faz parte do mistério de Buenos Aires. Passado meio século, o importante pareceria ser se existiu ou não Malena. Em minha opinião, existiu. E existiu durante cinqüenta anos no coração de todos os argentinos, ainda existe e existirá por muito tempo. Existe em cada uma das cantoras que, de uma ou outra forma, sentem-na como sua. Existiu nos dedos ágeis de Demare nessa noite de verão de 1942 e na fogosa imaginação do criador dos versos, Homero Manzi.

(trad. RM)

 

Voltar ao início