No 143 - Ano XII - Dezembro de 2007


Eric Müller e Jeusa Vasconcellos - precursores do Tango no Rio de Janeiro

O Tango é uma dança complexa que, como dizia Jorge Luís Borges, no se quedó por un orgiático deambular, característico dos lupanares e das suas obscuras origens, mas foi-se construindo, assentado numa estrutura coerente e sólida, com as suas especificidades e regras.

É complexa, porque exige que os bailarinos, abraçados, realizem figuras, pausas e movimentos, cortes y quebradas, dentro de uma coreografia em permanente improvisação, que tem que incluir ambos.

Como disse o escritor Carlos Vegas: “O tango argentino é o milagre de conseguir encaixar a figura da dança no enlace do abraço”.

Esta é a principal inovação que o Tango trouxe ao mundo da dança.

Ao contrário de competirem um com o outro, o homem e uma mulher, com movimentos e técnicas diferentes, têm de colaborar intimamente, pois, a não ser assim, não é possível dançarem Tango.

Traduzido de artigo da revista B.A.Gotan, 1965 (RM)

 

 

Cantemos

 

(Tango – 1922)

Letra: Emilio Fresedo                                                                     Música: Osvaldo Fresedo

(Orquesta Emilio Fresedo, canta Roberto Rey)

 

En un mundo de alegrías, entre el humo y copas de champagne,

hay una almita afligida que se esconde por llorar.

Atraído por su pena mi pañuelo lágrimas secó,

mientras dijo: “Estoy enferma, sufro y lloro por mi amor”.

 

Volvió su cara hacia mi lado, acariciando su dolor.

Oí sollozos y cortados, bajo habló: “Un hombre me engañó”.

Le dije: “Olvide su pasado, olvide todo lo de ayer.

No llore si él no ha llorado, ni pensó que sufre una mujer”.

 

Algo habría en su mirada que no fue preciso adivinar,

ilusiones apagadas, odio y ganas de vengar.

Dijo entonces que su vida de pasión en pena se tornó.

Recordó felices días a su vieja y su honor.

 

Pobre, su quebranto mi alma hirió, que sin fuerzas me sentí,

cuando vi su relicario y enseñó que el falso estaba allí.

Pobre, con cuanta tristeza vio que por ella yo sufrí.

El pintar de sus labios, la sonrisa para mí.

 

 

Assim se tece a história

 

Poeta, violinista e compositor, nasceu em Buenos Aires em 5 de março de 1893 e ali mesmo faleceu, em 10 de fevereiro de 1974.  Foi um homem de atividades variadas: violinista em pequenos conjuntos dos quais participou com seu irmão Osvaldo; cronista do jornal La Razón; co-diretor, com o desenhista Lino Palacio, da revista Cuentos Cortos; promotor publicitário e até produtor de especialidades medicinais.

Suas primeiras letras de tango datam dos anos em que exerceu o jornalismo.  Uma das primeiras foi “Sollozos”, em 1922, que Rosita Quiroga gravou acompanhada por violões e gaita, em 1923.  Leva música de seu irmão Osvaldo, com quem compôs também "Aromas", gravado por Carlos Gardel em 1924 e "El once" (para o décimo-primeiro Baile del Internado), "Canto de amor" (estreado pelo famoso ator Ramón Novarro, em sua passagem por Buenos Aires em 1934).

Com Raúl de los Hoyos colaborou em três músicas: “Sonsa”, “Con alma y vida” e “Del barrio de las latas”.  “Vida mía”, provavelmente seu tango mais popular, estreou em 1934, com a orquestra de seu irmão com o cantor Roberto Ray.  Outras obras de Emilio, todas com música de Osvaldo:  “Por qué”, “Cielito mío”,“Pobre chica”, “No supe vivir”, “Casate conmigo”, “Volverás”, “Madre mía”, “Tango mío”, “Siempre es carnaval”, “Careta, careta”, “Rosarina linda” e “Amor” (vals).

Fonte:  José Gobello/Ricardo García Blaya para Todo Tango (trad. RM)

 

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