Nº 44 - Ano IV - Agosto de 1999

Fabian Salas e Lucia Mazer

Ao longo das eras, o homem tem tentado desvendar os mistérios da vida e encontrar algum objetivo nos eventos.  É onde entram em cena os conceitos "destino" e "acaso"- dependendo deles, os fatos resultam de um poder pessoal, de uma ordem impessoal, ou de ordem alguma.  A história está repleta de crenças, lendas e mitos relacionados com  destino e  fatalidade.  Todos os aspectos de nossa cultura foram consideravelmente moldados pela civilização da antiga Babilônia, onde foram encontradas reações e reflexões perceptíveis da humanidade a respeito do sobrenatural.  Já na "Terra Prometida", a mais antiga estrutura religiosa identificável, e nas previsões de Nostradamus, o famoso fim do mundo.  Então, perguntamos:

- Foi o destino que nos aproximou à cultura Tango, foi a fatalidade de nos congregarmos a este clã ou foi nossa sensibilidade que se deixou levar pelo encanto da dança mais sensual já conhecida?

A opção é sua - porém nosso Tango não tem fim.

 

(A.D.R.)

 

Cantemos...

Poesia:   Alfonsina Storni                                                                                Música:   Waldo Belloso

Alguna vez, andando por la vida,

como se da una fuente sin reservas,

por piedad, por amor,

yo di mi corazón.

Y dije que pasaba sin malicia

y quizá con fervor:

-Obedezco a la ley que nos gobierna:

He dado el corazón.

Y tan pronto lo dije, como un eco

ya se corrió la voz:

- Ved la mala mujer, esa que pasa:

Ha dado el corazón.

De boca en boca, sobre los tejados

rodaba este clamor:

- ¡ Echadle piedras, eh, sobre la cara!

Ha dado el corazón.

Ya está sangrando, sí la cara mía,

pero no de rubor,

que me vuelvo a los hombres y repito:

- ¡ He dado el corazón!

amor eterno...
 

 

Assim se tece a história...

Representa, dentro da literatura argentina, a máxima popularidade que tenha obtido uma mulher no gênero poético. É lembrada como uma das mais puras encarnações da defesa dos direitos femininos junto a Gabriela Mistral, Delmira Agustina e Juana de Ibarborou. Sua poesia se caracterizou por uma constante evolutiva. Embora cumprindo com as premissas do Ultraismo - declaradas por Jorge Luis Borges em 1921 - de modalidades literárias, sempre foi pessoal; uma figura de vanguarda. Fortemente determinada pela sua trajetória vital e pela sua peculiar relação com o mundo, tornou-se áspera, ilusória, terna e dramática.  Dois ciclos bem diferenciados dividem a sua produção:

  • - os primeiros livros, a partir de 1916: "La inquietud del rosal" e "El dulce daño".
  • - os duradouros, em 1934: "Mundo de siete pozos"e "Marcarilla y trébol".

O primeiro poema que dedica a Buenos Aires insinua a modalidade geométrica com que foi descobrindo e amando a cidade: "Cuadrados y ángulos". Já em "Siglo mío", cita os valores sociais e em "Danzón porteño", mergulha no tango e antecipa nestes o tom "cambalache" do maestro Discépolo.

Nasceu na Suiça em 1892 e pequena, foi para a Argentina.  Por ocasião de seu falecimento, suas cinzas tiveram o destino prenunciado em vários poemas, nos quais conceituava o mar, âmbito de pureza e conforto, onde haveria de descansar.

Pesquisa e Tradução: A.D.R.

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