No 135 - Ano XI - Abril de 2007


João Carlos e Olivia Teixeira

Desde sempre, os críticos do Tango e da sua forma de dançar procuraram encontrar no abraço outras razões para além da dança.

Porém, quem dança, e principalmente quem se inicia e quer se aperfeiçoar, tem muitas coisas em que pensar; especialmente os homens, que sentem as dificuldades de executar ao mesmo tempo diversas tarefas: passos, condução, direção a seguir, a escolha da figura a propor para cada compasso da música, etc, necessitando assim de bastante tempo até conseguirem usufruir do prazer do baile.  O abraço ou o contato dos corpos é, certamente, a última coisa em que se pensa

Ao contrário de competirem um com o outro, um homem e uma mulher com movimentos e técnicas diferentes, precisam ser pacientes e colaborar um com o outro, para que possam dançar o Tango.

Segundo o poeta Carlos Vega: O Tango Argentino é o milagre de conseguir encaixar a figura da dança no enlace do abraço.  O abraço é a principal inovação que o Tango trouxe ao mundo da dança.

Tradução e Interpretação de texto de Lidia Ferrari

(Buenos Aires Tango)  - RM)

 

Cantemos

(tango - 1924)

Letra:  Juan A. Caruso                                                        Música:   José Bohr

 

Entre la loca alegria volvamos a darnos cita

misteriosa mascarita de aquel loco carnaval.

Donde estas Cascabelito, mascarita pizpireta,

tan bonita y tan coqueta con tu risa de cristal.

 

Cascabel, Cascabelito, rie siempre y no llores

que tu risa juvenil tenga perfume de tus amores.

Cascabel, Cascabelito, rie y no tengas cuidado

que aunque no estoy a tu lado te llevo en mi corazón.

 

 

Assim se tece a história

 

Cantor, compositor, maestro, ator, produtor e diretor de cinema.  Yopes Böhr Elzer nasceu em Bonn, Alemanha, em 3 de setembro de 1901.  Passou sua infância e juventude no Chile, até 1921, quando a família mudou-se para Buenos Aires.  Começou a desenvolver sua atividade como cantor, acompanhando-se ao piano, compondo na ocasião o conhecido tema "Cascabelito", ao mesmo tempo que conseguiu trabalho na "Casa Castiglione", que vendia pianos, discos e rolos de pianola.  Ali mesmo, Carlos Gardel lhe propôs gravar aquele tango. 

Debutou em 1924 como "chansonnier" no Teatro Porteño, na revista "De Puente Alsina a Montmartre" apresentando suas próprias canções.  Em 1925 seu nome figuraria nos catálogos de venda de discos, junto a Gardel-Razzano, Roberto Firpo, Francisco Lomuto, Ignacio Corsini, Azucena Maizani, etc.

Suas maiores aspirações o levam aos Estados Unidos, onde tem grande êxito com orquestra típica, um grupo de dançarinos e um conjunto de guitarras.  Ficou conhecido como "Che Bohr", e fez turnês por toda a América e Europa.  Em 1940, voltou rapidamente a Buenos Aires para atuar no Teatro Nacional, na Radio Belgrano e gravar junto à Tipica Victor.  Continuou com intermináveis turnês até voltar à Argentina para atuar na TV de 1960 em diante.

São suas composições:  "Cascabelito", "Pero hay una melena", "Por el camino", "No está", além de boleros e fox-trots.

O cinema foi outra de suas paixões.  Foi pioneiro do cinema sonoro, atuando em 1929 no primeiro filme falado em espanhol em Hollywood.  Participou em cerca de 45 filmes como ator, diretor, roteirista e/ou produtor.  Em 1980, com 50 anos de sua estréia no cinema, a Academia de Hollywood o premiou com o Oscar, em reconhecimento à sua trajetória.

Passou seus últimos anos na Dinamarca junto à sua esposa e filhos, voltando regularmente a Punta Arenas, cidade que o acolheu na juventude.  Faleceu em Oslo, na Noruega, em 29 de maio de 1994.

Fonte:  (Alberto Rasore para Todo Tango – Trad. RM)