por Guillermo Pedro Thorp (*) 

 

Não é título de uma música nem de um tango, mas uma opinião do Diretor de DIOSTANGO.

Percorri diversos locais de dança, alguns com predominância marcante de tango, onde se respira exclusivamente tango..., outros onde se alternam diversos ritmos em maior ou menor escala. Mas a esta altura é impossível não opinar sobre certos conceitos ou critérios que estão virando moda.

Entendo que bailar tango implica no prazer do abraço de um casal, homem e mulher, mulher e homem mesclados no sentimento de um 2x4 bem bailado, dentro de seus gostos e possibilidades. Porém não é aceitável que a pista fique à meia luz ou às escuras e que seu entorno fique quase na penumbra, para não dizer escuro no segundo tema (tango, vals ou milonga), descartando desse modo o bom uso dos códigos, entre eles convidar mediante o "cabeceo", porque a visão fica inevitavelmente diminuída.

O tango é brilho, primeiro interior... porque bailamos para desfrutar, mas não se pode negar que também queremos nos mostrar para o exterior; é uma forma do desafio implícito de bailar tango.  Então pouco ou nada disso acontece se as luzes se amortecem, nem mesmo quando está finalizando o baile.

Tango é luz, tango é sentimento que não podemos esconder na penumbra, mesmo que haja crise energética. Não sou daqueles que creem em estatísticas, mas sim na observação e no comentário de muita gente. Cada um pode dar menor ou maior valor a esses conceitos, discordar ou concordar... estão no seu direito. Mas deixo bem claro, de uma vez por todas, que não concordo com a pouca luz quando se baile tango, milonga ou vals, sem tampouco exagerar imaginando refletores. Além disso, pelo comentado anteriormente, poderia ser um campo fértil aos maus hábitos como levar "por engano" qualquer objeto de outrem. Quando acontece o desrespeito à boa circulação e acontecem esbarrões desnecessários, a falta de luz incrementa o problema.

Assim também nós, os cavalheiros, ficamos impedidos de apreciar as belas figuras femininas bailando, nem creio que as damas podem admirar a qualidade do dançarino ou milongueiro de forma efetiva. O tango merece respeito ao ser bailado e desfrutado da melhor maneira; é uma pena que se queira inovar tirando dos lugares a luminosidade, porque faz falta: luz. Nunca é tarde para repensar e entender melhor aquilo que presta.

(*) Publicado em "Diostango", Ano 3 - Nº 30 - Março de 2009

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